Esquecendo-se de Deus

O começo de Gênesis nos ensina que o homem é capaz de esquecer rapidamente do Senhor e das suas obras. O Senhor intervém na história de forma incrível e amorosa, mas o homem rapidamente desvia sua atenção do amor do Senhor para o seu próprio umbigo. Com isso, acabavam trocando as bênçãos por maldições devido às suas próprias atitudes. Nós, nos dias de hoje, não somos diferentes.

Pensemos inicialmente em Adão e Eva. O Senhor havia criado a terra e posto o homem no jardim do Éden. Ali, o Senhor lhes dera boas árvores para alimento e um belo jardim com um rio que o irrigava todo. O próprio Deus habitava com o homem, e não havia pecado para afastá-los. Porém, não muito tempo depois de toda a demonstração de amor registrada em Gênesis 1 e 2, Adão e Eva esqueceram-se do Senhor, do seu amor e de como os havia criado à sua imagem e semelhança. Eles focaram em si mesmo e num estalar de dedos se esqueceram toda a grande obra que o Senhor fizera por eles.

Mais de mil anos mais tarde, surgiu Noé. O Senhor também demonstrou grande amor por ele e sua família ao libertá-los de uma geração perversa e corrompida. Deus lhes deu vida nova em um mundo novo, livre da maldade, pecado e violência dos seus antigos conterrâneos. Porém, não passou muito tempo depois, e Noé acabou pecando ao embriagar-se com vinho, ficando fora de si. Porém, pior do que Noé, fizeram seus descendentes. Em Gênesis 11, os descendentes de Noé, ao darem com a planície de Sinar, resolveram construir ali uma torre cujo topo chegasse até o céu. Esses homens, cientes do que Deus havia feito aos rebeldes e perversos da época de Noé e conhecendo como Deus havia tratado amorosamente a Noé devido a sua fé, esqueceram-se rapidamente de tudo isso e voltaram a agir conforme achavam melhor em seu coração. Estavam interessados em se achegar ao céu com o esforço das suas mãos e em tornar célebre o nome deles (Gênesis 11:4). Porém, quanto ao Senhor, ignoravam-no. Deus lhes havia ordenado ao sair da arca: “Sede fecundo, multiplicai-vos e enchei a terra” (Gênesis 9:1, conferir também 9:7). Eles, entretanto, estavam mais preocupados em construir aquela torre para não serem “espalhados por toda a terra” (Gênesis 11:4).

E esse ciclo continua assim por toda a Bíblia até os dias de hoje. Vemos isso no êxodo do Egito, no retorno do cativeiro e na cruz de Cristo. Deus sempre amando o homem, e o homem sempre o esquecendo e voltando-se para si. Mesmo nós, cientes do que Jesus Cristo fez por nós na cruz, livrando-nos da escravidão do pecado, e mesmo Deus diariamente derramando sobre nós seu amor e cuidado, facilmente o esquecemos e voltamo-nos para os desejos egoístas do nosso coração. Precisamos ser cônscios desta realidade. Precisamos lembrar-nos da verdade sobre nossos corações: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto? quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9) e “também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem” (Eclesiastes 9:3b).

Uma vez informados disso, precisamos estar em constante vigia. Precisamos nos recordar dos grandes feitos do Senhor nas nossas vidas e, especialmente, na cruz. Precisamos recorrer aos nossos irmãos para que não nos deixemos ser endurecidos pelo engano do pecado (Hebreus 3:13). Precisamos estar sempre em contato com a palavra do Senhor para nos recordarmos desses exemplos em que o homem esqueceu-se do Senhor e voltou-se para si mesmo para que lembremo-nos das suas consequências. Enfim, precisamos nos armar contra esta cilada, para que não venhamos a ser tão ingratos para com o Senhor que tem cuidado de nós e nos amado muitíssimo.

Que Deus nos ajude a mantermos nossa mente e coração em Cristo Jesus, recordando-nos sempre da sua cruz.

-por Tomás Guidalli