Foi Errado o que Tamar fez com Judá?

Sim. Ela adulterou e enganou seu sogro. É importante respondermos a essa pergunta porque estamos vulneráveis a passar por Gênesis 38 e achar a atitude de Tamar correta só porque ela foi injustiçada. Vamos aprender que o fato de sermos injustiçados não nos dá o direito de pecarmos para reivindicar justiça.

Judá, filho de Jacó, tomou Tamar para ser esposa do seu primeiro filho, Er. Porém, o Senhor o fez morrer por causa da sua perversidade. Então, Judá deu seu segundo filho, Onã, a Tamar. Porém, Onã não a quis engravidar, pois sabia que o primeiro filho seria considerado descendência de seu irmão, conforme a lei da época. O Senhor, por isso, o fez morrer também. Judá tinha ainda outro filho, Selá, mas era moço ainda. Ele prometeu dá-lo a Tamar quando ele crescesse. Por ora, Tamar deveria voltar à casa de seu pai e viver como viúva até que Selá estivesse crescido.

O fato é que se passou o tempo, Selá cresceu e não foi dado a Tamar. Tamar, percebendo isso, criou uma armadilha contra seu sogro. Ela se vestiu de meretriz e se deitou com seu sogro, Judá, sem que este a reconhecesse. Passados três meses, Judá foi avisado que sua nora havia adulterado e estava grávida, e ele logo a condena, exigindo que fosse queimada. Quando, porém, ele descobre que ele é o pai da criança, diz: “Mais justa é ela do que eu, porquanto não a dei a Selá, meu filho” (Gênesis 38:26).

Eu resumi a história, que pode ser lida na íntegra em Gênesis 38. Mas o ponto é que Tamar enganou seu sogro, teve relações com ele e ainda engravidou dele. Isso tudo para alertá-lo sobre Selá e reivindicar justiça.

É verdade que Tamar foi injustiçada, enganada e esquecida, mas isso não lhe dava o direito de cometer tais absurdos como adulterar e deitar com seu sogro. Não podemos achar que somos o centro do universo e colocar nossos direitos acima da obediência ao Senhor. Antes, precisamos seguir o exemplo do próprio Senhor. Jesus foi o maior injustiçado da história, entretanto, sua reação a isso está registrada em 1 Pedro 2:21-25: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.” Pedro usou o exemplo de Jesus para estimular os escravos a serem submissos aos seus senhores, mesmo se fosse necessário sofrer injustamente (1 Pedro 2:18-20). O mesmo exemplo serve para mulheres que têm que lidar com maridos complicados (1 Pedro 3:1-6). E o mesmo exemplo serve para qualquer um que está padecendo alguma injustiça. Sigamos o exemplo de Jesus, lembrando que o nosso reino não é deste mundo e que uma pátria justa e gloriosa nos está sendo preparada pelo próprio Senhor.

Outro bom modelo de perseverança ao ser injustiçado se encontra nos capítulos seguintes de Gênesis 38, a história de José. José, assim como Tamar, foi injustiçado. Ele foi falsamente acusado e injustamente preso. Entretanto, José confiou no Senhor, e “o Senhor era com José” (Gênesis 39:2,21,23). José não apelou para métodos pecaminosos para exigir seus direitos, antes, ele preferiu sofrer a injustiça com confiança no Senhor.

Para concluir, lembremo-nos do que Paulo diz em Romanos 12:21: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” Quando tentamos resolver o mal (uma injustiça) com outro mal (um pecado qualquer), estamos nos deixando vencer pelo mal. Precisamos vencer o mal (uma injustiça) com o bem (obediência a Deus).

-por Tomás Guidalli