A Independência de Deus

Um dos maiores anseios do ser humano é ser independente. Financeiramente independente, independente de outras pessoas, independentes de tudo. Entretanto, por mais que o homem busque sua independência, ele é inevitavelmente dependente de tudo. Nós dependemos da natureza para nos dar matéria-prima a fim de termos onde morar, o que comer, o que vestir etc. Dependemos de outros seres humanos para construírem casas para nós, produzir alimento para nós, produzir roupas para nós, nos alegrar, consolar, encorajar (veja o que Deus disse em Gênesis 2:18 sobre a nossa necessidade de outras pessoas). E, acima de tudo, dependemos de Deus para absolutamente tudo, especialmente para nos dar vida (Gênesis 2:7 e Atos 17:28). Confira ainda Filipenses 4:3 e Tiago 4:13-16.

Por outro lado, Deus não depende de nada e nem de ninguém. Ele criou tudo a partir do nada. Logo, tudo depende dele, mas ele depende de nada (Atos 17:24 e Apocalipse 4:11). Ele não depende de fontes externas para existir, pois ele é a fonte da vida – Salmos 36:9. Ele não precisa de conselheiros para conhecer a verdade, pois ele é a própria verdade, como dizem as palavras de Jesus de que ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6, confira Isaías 40:13-14).

Ao entender que Deus é independente, compreendemos que ele não precisa de nós. Antes de criar o mundo, Deus passou a eternidade “só”, se virando sem nós – Gênesis 1:1. Deus não precisa da nossa glória, pois ele já era glorioso antes de criar o mundo – João 17:5. Deus não precisa do nosso amor, pois já havia amor entre as pessoas da trindade antes da fundação do mundo – João 17:24. Entendemos que Deus é autossuficiente e satisfaz a si mesmo. Ele tem glória por si mesmo. Deus não muda (Malaquias 3:6), logo não há nada que possamos fazer que aumente ou diminua sua glória. Jó 35:5-8 registra: “Olhe para os céus e veja; mire as nuvens, tão elevadas. Se você pecar, em que isso o afetará? Se os seus pecados forem muitos, que é que isso lhe fará? Se você for justo, o que lhe dará? Ou o que ele receberá de sua mão? A sua impiedade só afeta aos homens, seus semelhantes, e a sua justiça, aos filhos dos homens.” Devemos lembrar que somos servos inúteis (Lucas 17:10), pois nada do que fazemos a Deus lhe é realmente útil.

Mas o fato de Deus não ganhar nada de nós não significa que ele não se regozije em nós e não se agrade de nós – Salmo 147:10, Salmos 51:17 e Hebreus 11:5. Deus fica feliz com cada oferta, com cada culto, com cada sacrifício, com cada esforço. Mas não é uma alegria meramente pelo que lhe damos, como se ele necessitasse daquilo, mas uma alegria pela nossa entrega e disposição, por nos ver cumprindo com o nosso propósito. Como pais que se alegram em receber um papel rabiscado de seu filhinho, pois veem que o coração da criança está voltado para os pais, Deus se alegra com o que fazemos a ele, pois vê que nosso coração está voltado a ele.

Como compreender a independência de Deus nos ajuda na caminhada cristã? Primeiro, quanto melhor conhecermos o Deus a quem servimos, melhor! Assim é com qualquer relacionamento: quanto mais conhecemos alguém, mais sabemos como lhe agradar. É importante conhecermos o nosso Deus (Jeremias 9:23-24). Segundo, sua independência evidencia seu amor por nós. Deus não nos chama para sermos seus servos por motivos egoístas, pois ele não ganha nada com isso. Deus não exige nossa santidade porque nossos pecados tiram sua glória. Antes, porque ele deseja o melhor para nós. Tudo o que Deus nos pede e faz por nós é por puro amor. E, por fim, sua independência evidencia a sua superioridade. Ele não nos deve nada, mas nós lhe devemos tudo. Devemos nos humilhar diante dele.

Deus não “é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (Atos 17:25).

-por Tomás Guidalli