Você Quer Entrar Nesta Rua?

Quando eu mudei para São Paulo há mais de 15 anos, frequentemente me senti perdido no meio de uma cidade tão grande. Para uma pessoa que nasceu em uma cidade interiorana de menos de 10.000 habitantes, uma metrópole de quase 20 milhões quase excede os limites da imaginação. Mas, eu precisava me locomover na cidade, então comprei um guia, um livro de milhares de páginas de mapas e índices. Em várias situações, o guia me ajudou a me localizar e evitar caminhos que não chegariam aos meus destinos.

Com a tecnologia do século XXI, os guias estão perdendo campo para os aparelhos eletrônicos chamados de GPS (sigla do nome inglês, global positioning system) que servem para guiar os motoristas nas suas jornadas pela cidade ou até pelo mundo.

Com ou sem um sistema de mapas, qualquer pessoa reconhece o perigo de entrar em uma rua desconhecida e se encontrar sem saída. Nestas situações, pode-se temer um assalto ou, no mínimo, um desvio que o leva para longe do seu destino. Ninguém gosta de ficar totalmente perdido.

2.600 anos atrás, Jeremias dirigiu-se à nação de Judá num esforço final para salvá-la de um desastre nacional. O desrespeito à lei de Deus estava levando a nação para a extinção, e Jeremias tentou em vão chamar o povo ao arrependimento. As circunstâncias do reino são bem descritas neste trecho de Jeremias 5:30-31, onde o profeta transmite as palavras de Deus: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?”

Deus pôs a culpa em três grupos de pessoas:

(1) Os profetas. Aqueles que deveriam ter sido fiéis transmitindo a palavra de Deus ao povo estavam, em vez disso, pervertendo aquela mensagem. Hoje, muitos falsos profetas falam de suas próprias ideias e perpetuam incontáveis doutrinas humanas. Entretanto, Jesus afirmou que suas palavras são a verdade absoluta que nos liberta: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

(2) Os sacerdotes. Os sacerdotes deveriam ter corrigido os falsos profetas, mas preferiram apoiar a propagação das suas mentiras. Da mesma maneira que Jeremias e outros profetas criticaram os sacerdotes, Jesus reservou suas repreensões mais severas para os líderes religiosos (leia, por exemplo, Mateus 23, lembrando que escribas, fariseus e guias são termos que ele usa para identificar estes chefes espirituais).

(3) O povo. É triste notar que o povo queria seguir os seus guias cegos. Quando os guias espirituais amam a si mesmos e ao dinheiro, eles não condenarão eficazmente o egoísmo e o materialismo que domina o povo mundano. Muitos, até os dias de hoje, acham conforto na noção de serem apenas vítimas enganadas por outros. Podem culpar pastores ou padres, mas não assumem responsabilidade pela direção da sua própria vida. Imaginam que aqueles “líderes religiosos” podem ser castigados por seus erros, mas que o seguidor obediente sairá ileso. Jesus não disse isso! Ele avisou sobre o perigo para ambos os grupos – os líderes e os seguidores! Ele disse: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mateus 15:13-14).

Na mensagem de Jeremias, Deus convidou seu povo a retornar: “...perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma” (Jeremias 6:16). Mas a resposta deles, dada no mesmo versículo, ecoa através da história nas palavras dos homens e mulheres rebeldes de todas as eras: “Não andaremos”. Se nós recusamos a andar no caminho de Deus, seguimos uma rua de mão única para a perdição. Cuidado!

–por Dennis Allan