Dois Lados da Mesma Moeda

Do meio de uma multidão de pessoas que ouviam o ensinamento de Jesus veio a voz de um homem que pediu para o Senhor agir para resolver uma disputa de herança (Lucas 12:13). Ao invés de ser árbitro entre os dois irmãos, Jesus aproveitou a oportunidade para ensinar uma lição importante para o homem que fez o pedido, uma mensagem igualmente importante para nós. Jesus ensinou sobre o perigo da avareza.

Jesus contou a história de um homem rico que vivia fazendo projetos para o futuro, pensando em guardar bens para viver em conforto. Deus falou para esse homem: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12:20).

A avareza do rico é um perigo. Outros ensinamentos bíblicos nos ajudam a entender que os bens materiais são apenas ferramentas para nosso uso temporário durante esta vida. Todos entendem, mas poucos aceitam o fato declarado por Paulo: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele” (1 Timóteo 6:7). O Senhor não condenou todos os ricos, mas avisa sobre os perigos que vêm com a prosperidade: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida” (1 Timóteo 6:17-19). Não somente os ricos, mas aqueles que procuram ficar ricos também correm grandes riscos: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (1 Timóteo 6:9).

Quando encontram avisos como esses, muitas pessoas se sentem aliviadas. Por serem pobres, acham algum conforto em pensar que os pecados relacionados ao dinheiro são problemas dos ricos. É provável que alguns dos discípulos de Jesus achassem conforto na sua pobreza. O ensinamento de Jesus não terminou com o aviso sobre avareza. A moeda tem dois lados!

A avareza é um problema, mas a ansiedade é igualmente perigosa. Logo depois do exemplo do fazendeiro rico, Jesus apresentou uma série de ensinamentos sobre a ansiedade pelas coisas desta vida. Ele nos ensina que a vida não é apenas uma questão de posses. Por meio de contrastes entre seres humanos e pássaros e plantas, Jesus frisa o cuidado de Deus para conosco. Além de tudo, ele nos lembra que não temos controle sobre a própria vida. As preocupações com estas coisas são características das pessoas que não confiam em Deus, e jamais devem ser atitudes dos discípulos de Cristo. No final das contas, é uma questão de fé em Deus. Leia esses ensinamentos do Senhor em Lucas 12:22-30.

Uma vez que compreendemos a avareza e a ansiedade como dois lados da mesma moeda do materialismo, podemos entender que os dois problemas são resolvidos com a mesma resposta. Jesus fala para pobres e ricos, preocupados e confiantes, com as mesmas palavras: “Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas. Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lucas 12:31-34).

Seja a insegurança do pobre ou a arrogância do rico, o foco nesta vida terrestre desagrada a Deus. Jesus nos chama a buscar o seu reino e investir nele.

É difícil se desprender das coisas materiais que ocupam a vida de quase todos. É relativamente fácil perceber estas falhas nos outros, mas muito mais difícil encarar as nossas próprias atitudes. Jesus nos ensina a importância de mudar o foco. Ao invés de nos enxergar como vítimas das injustiças feitas pelos outros, precisamos entender que o perigo real vem de atitudes erradas - seja avareza ou ansiedade - nos nossos próprios corações.

–por Dennis Allan