A Organização da Igreja Primitiva

As igrejas que se consideram cristãs diferem muito entre si. Ensinam doutrinas contraditórias, participam de trabalhos diversos, oferecem adoração de maneiras variadas e são organizadas de formas diferentes. Em todas essas questões, nosso desafio é de olhar para o modelo da igreja primitiva, descrita no Novo Testamento, e procurar imitar seu exemplo. Neste artigo, vamos focalizar a organização da igreja do primeiro século.

A Organização da Igreja Universal

Quando falamos sobre a organização da igreja no sentido universal, podemos resumir o ensinamento do Novo Testamento simplesmente dizendo que Jesus é o cabeça da igreja, e que cada pessoa que pertence a ele deve obedecer a sua vontade (Efésios 1:22-23; Colossenses 1:18).

Observe as implicações deste entendimento. No mundo religioso atual, existem muitas ideias e sistemas de organização que não são de Deus. Ele não autorizou nenhum tipo de organização terrestre da igreja universal. Os homens têm tentado impor seus sistemas de organização para criar hierarquias mundiais e formar laços entre congregações. Desenvolvem estruturas complexas que Deus não autorizou nas Escrituras para fazer grandes obras missionárias e sociais.

Alguns desses desvios do modelo da igreja primitiva começaram já no segundo século, pouco tempo depois da morte dos apóstolos de Jesus. Hoje em dia, observamos estas tendências bem desenvolvidas quando pastores de uma igreja supervisionam outras congregações e quando são convocados conferências e congressos nos quais representantes de diversas congregações se reúnem para resolver questões para todas as igrejas representadas. Hoje em dia, é muito comum ouvir sobre igrejas que têm suas matrizes e filiais, ou de “congregações irmãs” e “congregações mães”, mas esses conceitos foram criados pelos homens depois de Jesus revelar seu plano para a igreja. São acréscimos humanos estranhos às Escrituras.

A Organização de Uma Igreja Local

No primeiro século, igrejas locais foram formadas quando pessoas em um determinado local foram convertidas a Cristo e começaram a se reunir para servir ao Senhor. Depois de estabelecer tais grupos em algumas cidades, Paulo e Barnabé voltaram e presbíteros foram escolhidos em cada igreja (Atos 14:23). No Novo Testamento, os presbíteros são chamados, também, de bispos, e seu trabalho é pastorear o rebanho de Deus (Atos 20:17,28; 1 Pedro 5:1-2). Enquanto muitas igrejas modernas fazem distinções entre presbíteros, bispos e pastores, a Bíblia usa estas palavras para falar das mesmas pessoas. Não identificam posições diferentes ou níveis em alguma hierarquia.

Na Bíblia, não se encontra nenhuma igreja com apenas um presbítero (ou bispo ou pastor). Nas igrejas dos efésios e fílipenses, por exemplo, houve uma pluralidade de bispos (Atos 20:17; Fílipenses 1:1). A prática comum de ter um pastor supervisionando sozinho uma igreja foi introduzida depois da época apostólica e sem base bíblica.

Diáconos são servos especialmente qualificados e escolhidos para trabalhar sob a supervisão dos presbíteros (1 Timóteo 3:8-12; Filipenses 1:1). Evangelistas ou pregadores são homens que proclamam o evangelho. No Novo Testamento, eles não dominavam as igrejas, e sim pregavam a palavra do Senhor (2 Timóteo 4:1-5). Eles ajudavam no ensino da palavra para equipar os santos para seu trabalho (Efésios 4:11-12), e orientavam as igrejas na constituição de presbíteros com as qualificações definidas por Deus (Tito 1:5-9). As práticas comuns de chamar um pregador de “o pastor” e de lhe dar autoridade para governar uma igreja não têm base nas Escrituras.

Quando examinamos as informações sobre as igrejas do Novo Testamento, observamos a simplicidade do plano de Deus. As hierarquias complicadas e políticas nas igrejas atuais vêm dos homens, não do Senhor!

–por Dennis Allan