O Gesto do Rei

A história de Ester, assunto de um livro inteiro no Antigo Testamento, explica a origem da festa de Purim, comemorada anualmente por judeus ao redor do mundo. Embora não empregue nenhuma vez o nome de Deus, o livro conta a história do livramento, pela graça de Deus, dos judeus exilados quando um homem ambicioso procurou oportunidade para aniquilá-los.

Há muitos fatos interessantes nesse livro, mas quero destacar um episódio do mesmo e sugerir alguns paralelos para nossa reflexão. Sugiro a leitura do livro inteiro, mas encontrará o referido episódio nos capítulos 4 e 5.

Hamã, um oficial do governo de Assuero (Xerxes I), o rei da Pérsia, odiava os judeus e tramou um plano para exterminá-los. Ele não sabia, porém, que a mulher escolhida pelo rei como sua rainha era uma judia. Hadassa, também chamada Ester, foi criada por seu tio, Mordecai, o mesmo homem que se tornou o foco da raiva e ódio de Hamã.

Quando Mordecai soube dos planos de Hamã contra os judeus, ele pediu a intercessão de Ester com o rei. Mas o pedido envolvia muito mais do que uma mulher conversar com seu marido. Nem a rainha teria acesso irrestrito ao rei. Entrar na presença dele sem convite levaria à pena de morte, a não ser em caso do rei estender seu cetro para receber a pessoa. Para Ester entrar na presença do rei nessa circunstância significava, literalmente, colocar sua vida em risco.

Mordecai, porém, entendeu que o rei seria a única pessoa capaz de impedir a execução do plano malevolente de Hamã. Mesmo sabendo do risco que sua sobrinha correria, ele insistiu no seu pedido.

Ester se mostrou disposta a se sacrificar, se fosse necessário, para salvar seu povo. Deste modo, ela entrou no pátio onde o rei estava.

E o rei Assuero estendeu seu cetro! Poupou a vida de Ester e atendeu ao pedido que ela fez, levando a uma série de acontecimentos que culminaram na salvação dos judeus da aniquilação que Hamã desejava.

Observamos alguns fatos: Um inimigo que odiava Mordecai e os judeus queria destruí-los. Mordecai e os outros judeus precisavam de um intercessor para pedir a ajuda do rei. Ester se mostrou disposta a sacrificar sua vida para alcançar o favor do rei para os outros.

Reflita em como esses elementos da história se comparam, embora imperfeitamente, à nossa situação.

Um inimigo que nos odeia trama a nossa destruição. O apóstolo Pedro avisou sobre o perigo: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5:8).

Precisamos de um intercessor para pedir a ajuda do “Rei” que pode nos resgatar. No livro que pode ser o mais antigo da Bíblia, Jó reconheceu a distância entre Deus e o homem quando comentou sobre a necessidade de um intermediário: “Porque ele [Deus] não é homem, como eu . . .Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9:32-33). Jesus vive sempre para interceder por nós (Hebreus 7:25).

Jesus foi disposto, e realmente sacrificou a sua vida, para alcançar o favor de Deus para conosco. Ele entrou na presença do Pai levando seu próprio sangue como sacrifício pelos nossos pecados (Hebreus 9:12-14).

E Deus aceitou a intercessão, dando-nos condições de evitar a destruição que o inimigo procura!

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos” (1 Timóteo 2:5-6).

–por Dennis Allan