O Nascimento do Eterno

Enquanto muitos ensinamentos bíblicos são apresentados em termos diretos e de fácil entendimento, Deus também nos desafia com expressões enigmáticas que servem para ampliar nossa compreensão de verdades importantes. Qualquer fato que envolve a eternidade vai muito além da experiência humana e da nossa capacidade de compreensão, mas, mesmo assim, Deus abre as cortinas da eternidade e nos oferece oportunidades para enxergar coisas maravilhosas demais.

Sem dúvida, um dos mistérios mais importantes é a noção de uma pessoa divina e, ao mesmo tempo, humana. Desde o primeiro versículo do seu relato do evangelho, João afirmou a divindade de Jesus. Ao mesmo tempo, ensinou que o mesmo Jesus Cristo se fez carne e habitou entre homens em forma humana (João 1:1,14; 1 João 4:2). Paulo pregou a mesma doutrina, que Jesus, mesmo sendo Deus, assumiu figura humana (Filipenses 2:5-8). São afirmações que ultrapassam a nossa capacidade intelectual, mas que ainda aceitamos pela fé naquele que se manifestou.

Séculos antes do nascimento de Jesus, profecias do Antigo Testamento já preparavam as mentes dos leitores para esses grandes ensinamentos. Um exemplo interessante se encontra no livro de Miqueias, escrito 700 anos antes de Cristo. Sua profecia foi a base das orientações que os escribas deram aos magos orientais que procuravam Jesus. Quando Herodes perguntou, os conhecedores das Escrituras citaram Miqueias 5:2 e apontaram para Belém de Judá (Mateus 2:1-8).

A referida profecia disse: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miqueias 5:2).

Os sacerdotes e doutores da Lei entendiam, corretamente, que fosse uma profecia do local do nascimento do Messias. De fato, Jesus nasceu na pequena cidade de Belém de Judá. Mas a mesma profecia diz que as origens desse rei de Israel “desde os dias da eternidade”. Jesus nasceu em Belém, mas já existia desde a eternidade. Assumiu a forma humana, mas já existia, porque é Deus!

Não foi difícil para os líderes dos judeus aceitarem a ideia do nascimento do Messias em Belém, mas lutaram contra a noção da divindade de Jesus. Ele reconhecia sua posição de subordinação ao Pai (João 14:28), uma diferença de papel e autoridade, mas ainda afirmou ser do mesmo caráter eterno e divino que identifica o Pai. Quando os judeus questionaram suas origens, Jesus não falou de Belém ou de Maria, ele falou da sua existência eterna. Ele disse: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8:58). Seus ouvintes, que deveriam ter caído no chão para adorar Jesus, como os magos fizeram (Mateus 2:11), pegaram em pedras para matá-lo (João 8:59).

Para se fazer carne, Jesus nasceu em forma humana. Teve uma mãe biológica, uma mulher abençoada com o privilégio de cumprir uma parte importante do plano de Deus em enviar o Salvador ao mundo. Mas as origens de Jesus não eram naturais, temporais nem terrestres. Ele sempre existia, vive desde a eternidade, e veio do céu ao mundo.

Mais de 2.000 anos atrás, um bebê nasceu em Belém de Judá. Ele cresceu como outras crianças, mas não era igual. Ele apareceu aos homens como seu semelhante, mas era e é diferente e superior, infinitamente superior aos homens. Pois ele é o eterno Deus que nos criou, que veio para nos salvar, que vai nos julgar e que oferece a vida eterna aos que decidem reconhecê-lo como o Senhor dos senhores e Rei dos reis.

Maria, José, Belém, pastores, magos e outros fazem parte da história do nascimento de Jesus, mas sua história não começou em Judá. João o descreve como o Verbo quando diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3).

–por Dennis Allan