A Vinha Decepcionante

Atualmente, apenas um terço dos trabalhadores no mundo ganham seu sustento na indústria agropecuária. Mas até poucas décadas atrás, a maioria das pessoas trabalhava nos campos e entendia muito bem o mundo da agricultura. Por esse motivo, muitas das parábolas e ilustrações encontradas nas Escrituras usam circunstâncias comuns desse mundo rural.

Um exemplo que aparece várias vezes na Bíblia é a história de um homem que cultiva uvas. A figura de uma vinha é usada frequentemente para representar o povo escolhido de Deus, a nação de Israel. Asafe dirigiu suas palavras ao Senhor quando descreveu a origem do povo escolhido: “Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste. Dispuseste-lhe o terreno, ela deitou profundas raízes e encheu a terra” (Salmo 80:8-9).

A vinha de Israel no período do Antigo Testamento, porém, decepcionou seu dono. Isaías descreve a nação de Israel como uma vinha cultivada pelo Senhor (Isaías 5:1-7). Apesar de todo o esforço do dono, a vinha só produz uvas bravas, e o dono decide destruí-la. Foi uma mensagem profética sobre o castigo da nação, cumprida quando Deus trouxe uma nação pagã contra seu povo escolhido para destruir quase toda a casa de Israel.

Um século depois de Isaías, um outro profeta importante empregou a mesma linguagem para falar da decepção de Deus com a nação de Judá: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, como de vide brava?” (Jeremias 2:21). Nesse livro, Deus culpa pastores infiéis por esse estado péssimo do seu povo: “Muitos pastores destruíram a minha vinha e pisaram o meu quinhão; a porção que era o meu prazer, tornaram-na em deserto” (Jeremias 12:10).

Mas, ao mesmo tempo que viu a vinha decepcionante de Israel, Deus ainda olhava para um futuro glorioso de comunhão com seu povo: “Naquele dia, dirá o SENHOR: Cantai a vinha deliciosa! Eu, o SENHOR, a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela” (Isaías 27:2-3).

Quando Jesus avaliou a nação de Israel, 700 anos depois de Isaías, ele ainda não encontrou a vinha boa e produtiva que Deus desejava. A parábola dos lavradores maus, relatada em Mateus 21:33-46, juntou os principais elementos das ilustrações de Isaías 5 e Jeremias 12 para explicar o motivo da ira de Deus com a nação e, especialmente, os líderes religiosos. Ao invés de voltarem para Deus arrependidos, esses líderes buscaram um momento oportuno para prender e matar Jesus!

Jesus, porém, não desistiu! Mesmo quando os líderes influentes lhe rejeitaram, ele continuou apelando às pessoas humildes e honestas. Mais e mais pessoas se tornaram discípulos de Jesus, e ele falou do seu laço forte com esses fiéis nos mesmos termos da vinha: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.... Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:1,5).

A vinha de Deus, no Novo Testamento, não é composta de uma nação com território geográfico, nem de pessoas com os mesmos antepassados carnais. Jesus é a videira, e cada indivíduo que continua servindo a ele com fidelidade faz parte da videira. Você e eu temos o privilégio de nos tornarmos ramos e permanecer na videira para toda a eternidade!

Precisamos ter cuidado! Da mesma forma que a nação privilegiada no Antigo Testamento abandonou o Senhor e perdeu seu lugar na presença de Deus, nós corremos o risco de sermos rejeitados. A escolha é nossa. Jesus continuou: “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (João 15:6-8).

–por Dennis Allan