A Ira de Deus contra Dois Mentirosos

Mentiras destroem relacionamentos. Seria impossível contar os casamentos, as parcerias e as amizades estragadas por causa das mentiras.

Mentiras destroem o relacionamento entre seres humanos e Deus. Deus nos fez à sua imagem, com a capacidade de manter um relacionamento espiritual (Gênesis 1:27). Ele nos deu a capacidade de amar, de escolher, de fazer o bem ou o mal. Deus nos deu línguas e condições de comunicar em palavras e, com essa capacidade, uma das nossas maiores dificuldades. Decidimos usar a língua para falar a verdade ou não.

A mentira contraria a natureza de Deus: “na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos” (Tito 1:2); “para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta” (Hebreus 6:18). Quando ele criou os homens à sua imagem, ele desejava que essas pessoas fossem honestas, sempre falando a verdade, e assim refletindo a glória do Criador.

Quando o homem mente, ele estraga sua relação especial com Deus. O Senhor trata tais mentiras com severidade, pois são uma afronta direta contra seu caráter. Nosso principal inimigo, o acusador que procura a nossa morte, foi descrito por Jesus Cristo como “mentiroso e pai da mentira” (João 8:44).

Na infância da igreja do Senhor, houve um acontecimento marcante que frisa para todos a gravidade da mentira diante de Deus. Ananias e Safira, marido e mulher, estavam entre os primeiros cristãos. Observavam a generosidade dos outros e desejavam receber a atenção e o louvor. Queriam ser vistos como generosas pessoas que se sacrificavam para o bem dos outros. Venderam uma propriedade, deram uma parte do valor à igreja para ajudar os santos pobres, e guardaram o resto para si. Quando apresentaram sua contribuição ao apóstolo Pedro, afirmaram ser o valor total da venda da propriedade. Pedro os questionou, dizendo que estavam mentindo, não somente aos homens, mas a Deus. Ananias e Safira foram mortos na hora. Pode ler o relato desse castigo severo da mão do próprio Senhor em Atos 5:1-11.

Muitos têm distorcido o significado desse episódio para avançar suas próprias mentiras. Alguns pregadores da teologia da prosperidade utilizam esse exemplo para pressionar seus ouvintes a serem fiéis nos dízimos, como se fosse uma exigência atual de Deus que precisa ser cumprida sob penalidade de castigo divino. Tal ensinamento é falso. O dízimo fazia parte da Lei dada por Deus aos israelitas no Antigo Testamento (Hebreus 7:5). Depois da morte de Jesus, sua igreja foi edificada e os cristãos recebiam instruções sobre suas contribuições, mas nenhuma dessas orientações designou 10% (o significado do dízimo) ou qualquer outra porcentagem fixa como valor obrigatório (leia 1 Coríntios 16:2; 2 Coríntios 9:7). O pecado de Ananias e Safira não foi o fato de segurarem uma parte do valor, e sim em mentirem para o Espírito Santo (Atos 5:4). A mentira estragou seu relacionamento com Deus!

O mais que nos afastamos de Deus, o mais comum e natural se torna a mentira. A distância entre Deus e uma pessoa ou entre Deus e uma nação inteira pode ser medida, em boa parte, pela desonestidade do dia a dia. A pessoa que usa sua língua para enganar os outros ofende seu próprio Criador e viola a natureza divina (Tiago 3:9-10). Deus nos deu a capacidade de comunicar, e devemos usar essa habilidade para o bem, sempre falando a verdade.

A atitude de Deus para com os mentirosos fica evidente na história de Ananias e Safira. Se praticarmos a mentira, não teremos lugar na comunhão com Deus (Apocalipse 21:8,27). A mentira pode estragar eternamente a nossa amizade com o Criador!

“Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25).

-por Dennis Allan