Uma Bacia e uma Toalha

De uso comum no Brasil, VIP é uma sigla inglesa que significa Very Important Person, traduzida literalmente como “pessoa muito importante”. Tratamento VIP é dado a dignitários governamentais, cantores e atores famosos e pessoas financeiramente bem-sucedidas. Essas pessoas tipicamente têm motoristas particulares, talvez carros blindados, escoltas por guardas armados, as melhores suítes em hotéis e até helicópteros e jatos particulares. 

Ao longo da história, pessoas de famílias nobres, especialmente reis, têm recebido a honra especial de tratamento VIP. Assessores e ministros ao redor desses dignitários procuram atender prontamente a todas as suas necessidades e exigências. 

Se reis humanos merecem tratamento diferenciado, o Rei dos reis deve ser honrado ainda mais. Pedro ensinou a importância de exaltar o Senhor acima dos reis humanos quando disse: “Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1 Pedro 2:17). Devemos honrar os reis, mas devemos tratar todas as pessoas com honra. Os reis são homens e devem ser respeitados como tal. Quando Pedro falou de Deus, porém, ele usou outro verbo com um sentido mais forte. Devemos temer a Deus, ou seja, devemos dá-lhe total respeito e temor, acima de qualquer homem.

Se conseguimos compreender esses conceitos numa época de democracia e relativa igualdade entre homens, as pessoas da época de Jesus entendiam melhor ainda a ideia de honrar os reis. Depois de três anos com Jesus, seus apóstolos entendiam, pelo menos até certo ponto, que Jesus é o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus, ou seja, o supremo Rei. Se alguém já merecia honra e tratamento VIP, seria Jesus Cristo. Entendiam a grandeza de Jesus e a certeza do estabelecimento do seu reino tão bem que tentaram se destacar para conseguir posições importantes como ministros do Rei (Mateus 20:20-21).

A resposta de Jesus foi surpreendente: “Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20:25-28).

Poucos dias depois, Jesus ensinou uma das suas lições mais fortes com uma bacia de água e uma toalha.

Nos tempos antigos, era costume hospitaleiro oferecer água para um convidado lavar seus próprios pés (encontramos exemplos desse costume em Gênesis 24:32; 43:24 e Juízes 19:20-21). Se não oferecesse essa água, o procedimento poderia ser interpretado como falta de hospitalidade (Lucas 7:44). Se, ao invés de apenas oferecer água, o anfitrião lavasse os pés do convidado, seria entendido como um ato de especial humildade e serviço, de se colocar na posição de um servo doméstico diante de um senhor (1 Samuel 25:41).

Os apóstolos deveriam ter lavado os pés de Jesus e, por isso, foram surpreendidos quando ele pegou uma toalha e uma bacia de água e insistiu em lavar os pés deles! Há várias lições importantes nesse ato de Jesus, mas vamos focalizar a mensagem principal. Depois de lavar os pés dos apóstolos, Jesus lhes perguntou: “Compreendeis o que vos fiz?” (João 13:12). Jesus não esperou uma resposta dos discípulos confusos. Ele continuou: “Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (João 13:13-14). Alguns têm reduzido o ensinamento de Jesus a um rito religioso de literalmente lavar os pés dos outros, mas a mensagem é muito maior do que isso. Ele ensinou humildade e serviço. Mostrou que o servo do Senhor não procura destaque e honra para si, mas se dedica para o bem dos outros.

Foi a resposta certa para as atitudes carnais de ambições egoístas naquela época, e ainda serve para nos ensinar a mesma lição nos dias de hoje. Não devemos buscar glória, honra e destaque. Devemos servir, seguindo o perfeito exemplo de Cristo.

-por Dennis Allan