Planos Perfeitos e Pessoas Imperfeitas

A obra de Deus é magnífica. Pela sua onipotência, criou o universo do nada. Depois, criou o homem do pó da terra. Ao longo da história, vem realizando grandes obras com matérias-primas muito defeituosas.

Deus utiliza seres humanos para cumprir seus planos, e todos nós temos pecado contra ele, manchando nossas almas com a sujeira da nossa desobediência (Salmo 14:2-3; Romanos 3:10,11,23). Deus poderia ter desistido dos homens há muito tempo, e a rejeição dessas criaturas obstinadas e ingratas seria totalmente justa. Mas ele continua demonstrando tremenda paciência, e ainda insiste em realizar grandes obras por meio de pessoas cheias de defeitos.

Na leitura da Bíblia, observamos até uma certa ênfase nesses casos, onde as falhas das ferramentas são destacadas, deixando evidente que o sucesso dos planos foi função da grandeza e da graça de Deus, não a dignidade nem a capacidade dos homens. Pensemos em alguns exemplos.

Quando Deus decidiu separar uma família como meio de oferecer salvação ao mundo, ele começou com um homem que falou meia-verdade sobre seu casamento com uma mulher ciumenta: Abraão e Sara (Gênesis 12-21). 

Para iniciar a fase da multiplicação dessa família para se tornar uma grande nação, ele escolheu um homem que demorou 90 anos para realmente confiar em Deus, e que criou filhos invejosos e violentos: Jacó (Gênesis 25-50).

O primeiro sumo sacerdote do povo de Israel foi o mesmo homem que incentivou a idolatria do povo na sombra do monte onde Deus revelou sua lei: Arão (Êxodo 32:1-10). Este e seu irmão, Moisés, o grande libertador da nação, foram descendentes diretos de Levi, que foi um dos principais responsáveis pela traição e matança de todos os homens de uma cidade (Gênesis 34).

Falando de descendentes, Deus não esconde a árvore genealógica de Jesus Cristo. Quando traçamos a história das pessoas citadas nas listas de antepassados de Jesus em Mateus 1 e Lucas 2, descobrimos outros fatos interessantes. Entre seus ascendentes encontramos:

Uma mulher que fingiu ser prostituta e ficou grávida quando teve relações com seu sogro: Tamar (Gênesis 38).

Uma mulher que vivia como prostituta antes de conhecer o povo de Deus: Raabe (Josué 2).

Um homem que cometeu adultério, homicídio e trouxe a ira de Deus sobre a nação de Israel, resultando na morte de 70.000 homens: Davi (2 Samuel 11,12,24).

Um homem que casou com centenas de mulheres e seguiu as falsas religiões praticadas por algumas delas, corrompendo a própria nação de Israel com sua idolatria: Salomão (1 Reis 1-11).

Dois homens que sacrificaram seus próprios filhos a falsos deuses enquanto serviam como reis da nação de Judá: Acaz e Manassés (2 Reis 16 e 21).

Quando chegamos ao Novo Testamento, percebemos que Jesus escolheu como apóstolos homens limitados que frequentemente tropeçavam. Como autor de quase a metade dos livros do Novo Testamento, ele escolheu um homem que perseguia cristãos e participou da morte de alguns deles: Saulo ou Paulo (Atos 8-9). A igreja primitiva estava cheia de discípulos que, antes da sua conversão, foram ladrões, fofoqueiros, idólatras, homossexuais, adúlteros e viciados (1 Coríntios 6:9-11). Deus perdoa, justifica, santifica e utiliza pessoas imperfeitas!

O que aprendemos? O ponto não é de incentivar ou desculpar nossas falhas. Deus quer que sejamos santos, porque ele é santo (1 Pedro 1:15-16). Mas temos o conforto de saber que, mesmo depois das nossas grandes falhas, Deus é capaz de nos consertar e nos usar para seus propósitos. Deus realiza seus planos perfeitos, usando pessoas imperfeitas!

-por Dennis Allan