Além da Glória Olímpica

Na última sexta-feira, bilhões de telespectadores olharam para o Rio de Janeiro a assistiram à abertura dos jogos olímpicos de 2016. Durante os próximos dias, milhares de atletas representando centenas de países participarão das diversas competições esportivas na busca de reconhecimento por suas habilidades. A medalha de ouro, o mais cobiçado prêmio dos jogos, será levada para casa somente pelo atleta com o melhor desempenho em cada modalidade. 

As Olimpíadas, conforme relatos históricos, tiveram sua origem na Olímpia, Grécia, 2.800 anos atrás. A versão moderna do evento iniciou no final do século 19. Na Grécia antiga, as olimpíadas não foram os únicos jogos do tipo. Essas competições aconteceram na Olímpia, enquanto outros jogos pan-helênicos foram disputados em Delfos, Nemea e Corinto. Os jogos Ístmicos aconteceram na região de Corinto, a mesma cidade onde congregava uma comunidade de cristãos citada nos livros de Atos e nas duas epístolas que o apóstolo Paulo enviou para essa igreja. Na época, conforme historiadores, os prêmios mais comuns eram coroas feitas de folhas de pinheiros.

Com esse pano de fundo, lemos as palavras de Paulo: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tento pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:24-27). Se Paulo estivesse vivo hoje para enviar cartas para igrejas brasileiras, é provável que citaria os jogos no Rio de Janeiro para reforçar seu ensinamento!

O motivo desses comentários de Paulo, porém, não foi incentivar os coríntios a participarem dos jogos Ístmicos. Paulo usa o conhecimento dos leitores originais de corridas e outros esportes para incentivar a disciplina e perseverança na vida cristã. Vamos refletir sobre as implicações das suas palavras:

Devemos correr para alcançar o prêmio (versículo 24). Nenhum atleta ganha uma corrida no nível olímpico sem ser motivado e focado. Mesmo nos eventos que começam com dezenas de corredores, um só leva a medalha de ouro. Da mesma forma, não podemos viver a vida cristã se não mantermos o foco no prêmio. Se não desejar a vida eterna no céu, não vai correr bem.

O autodomínio é imprescindível (versículo 25). Os melhores atletas vivem com tremenda disciplina. Comem o que promove bom desempenho. Treinam por horas diariamente. Aceitam e até procuram críticas e conselhos para corrigir erros e melhorar suas técnicas. Na busca da vida eterna, precisamos da mesma determinação e uma atitude de autonegação. Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8:34). Nunca poderemos fazer o bastante para merecer a salvação, que é um dom dado por Deus, mas quem ensina a salvação sem esforço distorce o evangelho de Cristo!

A coroa que buscamos é eterna (versículo 25). As coroas de folhas dadas aos atletas nos antigos jogos pan-helênicos eram corruptíveis. As folhas murchavam e apodreciam. As coroas não duravam muito tempo. Mas a coroa que o cristão espera é incorruptível, permanente e eterna! Vale muito mais do que os prêmios dados aos atletas nos jogos olímpicos. Um dos maiores desafios nas Escrituras é aprender a priorizar o eterno e não ser apegado às coisas terrestres.

Existe o real perigo de não alcançar o prêmio (versículos 26 e 27). Depois de anos de serviço a Cristo e longas e perigosas viagens para pregar o evangelho, Paulo ainda poderia ser desqualificado. Ele não acreditou na doutrina da impossibilidade da apostasia, que passou a ser pregada séculos depois. Todos nós devemos tomar cada passo com cuidado, não desviando nem para a direita nem para a esquerda do caminho que o Senhor nos mostra na sua palavra.

Paulo viu nas competições entre atletas uma boa ilustração da vida de cada pessoa que deseja a vida eterna na presença do Senhor. Esse prêmio vale muito mais do que o ouro olímpico.

-por Dennis Allan