Vários trechos do Salmo 69 se tornaram conhecidos pelos leitores do Novo Testamento por serem citados como profecias referentes a Jesus. Por esse motivo, o Salmo se encontra, frequentemente, em listas de Salmos Messiânicos. A importância desse Salmo para a mensagem do evangelho é inegável, mas precisamos distinguir entre aspectos messiânicos e palavras que se limitam ao seu autor, Davi. Seria contradição e até blasfêmia aplicar a Jesus, por exemplo, as palavras do verso 5: “Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultice, e as minhas culpas não te são ocultas”. Seria muito natural para Davi fazer essa confissão, mas completamente fora do caráter de Jesus, “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1 Pedro 2:22). No estudo do Salmo, então, devemos entendê-lo como um hino sobre o sofrimento de um servo de Deus (Davi) que fornece as imagens necessárias para melhor compreender a angústia de Jesus. Os versos citados no Novo Testamento para falar sobre Jesus podem e devem ser apreciados por suas mensagens messiânicas.
Davi inicia esse Salmo pedindo livramento das mãos dos seus perseguidores, dizendo que os inimigos o castigaram sem motivo (versos 1 a 8). Ele estava exausto e desesperado, como alguém que se afoga ou se afunda em um lamaçal. Davi confiava em Deus, mas confessou estar cansado de esperar a resposta do Senhor para aliviar sua angústia. Em João 15:25, Jesus usou as palavras do verso 4 (também encontradas em Salmo 35:19) para descrever a atitude daqueles que procuravam sua morte.
A tristeza do Salmista foi consequência das atitudes dos injustos para com o próprio Deus (versos 9 a 12). Quando Jesus expulsou vendedores e cambistas do templo (João 2:13-17), os discípulos se lembraram da linguagem do verso 9 (“Pois o zelo da tua casa me consumiu”). Paulo usou o resto do mesmo verso para descrever a atitude sacrificial de Cristo (Romanos 15:3).
Davi levanta ao Senhor suas súplicas, confiando na graça, compaixão e fidelidade do Salvador (versos 13 a 18). Atribulado pela intensa perseguição, ele reconhece o perigo real de ser levado pela correnteza e, por isso, implora a Deus pedindo socorro urgente.
O salmista continua sua descrição da angústia de sua alma diante das perseguições (versos 19 a 21). O verso 21 toma um sentido profético nos relatos da crucificação de Jesus, sendo um dos raros pontos que aparece em todos os quatro evangelhos: “Por alimento me deram fel, e na minha sede me deram a beber vinagre” (veja Mateus 27:34,48; Marcos 15:23,36; Lucas 23:36; João 19:28-29).
Depois de pedir a salvação pela graça de Deus, Davi pede o justo castigo para seus opressores (versos 22 a 28). Palavras desses versos são usadas no Novo Testamento para descrever aqueles que rejeitaram Jesus. Pedro aplicou verso 25 a Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus (Atos 1:20). Paulo usou versos 22 e 23 para descrever os judeus incrédulos (Romanos 11:9-10). É difícil aplicar toda a linguagem desse trecho a Jesus, pois o caráter imprecatório desses versos não combina com a compaixão e graça mostradas na cruz, mesmo para com aqueles que o crucificaram. Davi pediu para Deus derramar sua indignação sobre os opressores, recusando-lhes perdão (versos 24,27,28), mas Jesus pediu perdão pelas pessoas que o crucificaram (Lucas 23:34).
Confiante da resposta favorável do Senhor, o salmista louva a Deus pela salvação que ele proporciona (versos 29 a 33). Embora a lei do Antigo Testamento exigia holocaustos, Davi entendeu uma mensagem espiritual maior. O que Deus realmente desejava não foi a carne de animais sacrificados, e sim louvor e ações de graças (compare Salmo 40:6-8; 51:17; 1 Samuel 15:22-23).
Esse hino, que começa com os gritos desesperados de um homem que se afogava, termina com uma mensagem esperançosa (versos 34 a 36). Sabendo que Deus o salvou, o servo confia nele para salvar e proteger o seu povo, até nas gerações futuras.
A confiança de Davi e do próprio Jesus na fidelidade e compaixão de Deus nos dá motivo de olhar para cima para achar nosso refúgio e salvação.
-por Dennis Allan
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