Salmo 131: Como a Criança nos Braços de Sua Mãe

Às vezes, as mensagens mais impactantes são simples, curtas e objetivas. Salmo 131 se enquadra nessa descrição. Em apenas três versos, Davi comunicou uma atitude fundamental para os judeus que subiam para adorar em Jerusalém, e para qualquer adorador nos dias de hoje.

Esse Salmo não se refere a nenhuma circunstância específica. Serviria para cantar na subida para Jerusalém em qualquer das festas anuais, ou até de usar em outras ocasiões de louvor. Hoje, os servos do Senhor não precisam ir para Jerusalém. O templo do Senhor é o próprio cristão, cujo coração deve mostrar a mesma disposição que Davi descreve nesse hino.

“SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando a procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim” (verso 1).

Que mensagem fantástica sobre a humildade do homem diante do Senhor! Davi, o rei escolhido por Deus para governar seu povo, poderia ter deixado o orgulho dominar seus pensamentos. O seu predecessor se preocupou com sua imagem pública, e seu sucessor mergulhou-se nos prazeres disponíveis para um homem culto e próspero, mas Davi mostrou o coração humilde de um servo. Ele entendeu sua posição como um pastor encarregado com a proteção da nação de Israel. Nessa posição, Davi entendeu que a distância entre ele e seus súditos era pequena, mas que o Deus sublime que o escolheu ocupava uma posição muito superior à sua.

A humildade de Davi não se limitava à sua percepção de si. Ele reconheceu suas limitações quanto à compreensão de questões difíceis. A linguagem que ele emprega aqui, de não procurar grandes coisas ou coisas maravilhosas demais, nos lembra do arrependimento de Jó, quando admitiu que passou dos limites nos seus comentários sobre Deus (Jó 42:3). Jó e Davi, dois homens dedicados ao Senhor, aceitaram o fato da sua incapacidade de compreender as maravilhas da sabedoria de Deus. Devemos fazer o mesmo!

“Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo” (verso 2).

Na nossa leitura dos Salmos, frequentemente percebemos a necessidade de parar e refletir sobre o significado das palavras. A ilustração que Davi emprega nesse verso é fascinante. Ele se compara a uma criança que não depende mais da amamentação que sustém o bebê, mas também não se acha capaz de andar sozinha e desprotegida. Sua dependência de Deus não é principalmente material ou física, como um recém-nascido que chora em desespero quando começa a sentir fome. Por outro lado, Davi não se vê como um colega de Deus, capaz de trocar ideias sobre grandes mistérios que, como ele acabou de dizer, seriam demasiadamente maravilhosos. A imagem que Davi utiliza é carregada de significado emocional. Uma criança dorme nos braços da mãe porque se sente segura e protegida. Não precisa compreender a real natureza dos perigos ao seu redor, pois confia na mãe. Da mesma maneira, não precisamos nem podemos compreender toda a obra de Deus ou todos os perigos que nos ameaçam, mas podemos descansar tranquilamente nos braços do Senhor, confiando na sua proteção.

“Espera, ó Israel, no SENHOR, desde agora e para sempre” (verso 3). O homem coroado pastor de Israel não conseguia pensar em um relacionamento com Deus que seria exclusivamente seu. Imitando o exemplo do grande e divino Pastor, que conduz suas ovelhas para o descanso (Salmo 23), Davi ensinava por suas palavras e pelo exemplo da sua vida, conduzindo a nação de Israel na sua jornada espiritual. O seu apelo, o seu desafio, foi geral e eterno. Todos precisavam confiar no mesmo Senhor, depositando sua esperança em Deus para sempre.

Nas gerações depois de Davi, os reis que demonstraram a mesma confiança em Deus ajudaram a nação a andar no caminho do Senhor. Outros reis, que se exaltavam ou que confiavam no poder dos homens e nas suas alianças com outras nações, contribuíram à queda da nação.

Precisamos aprender a mesma lição. Como uma criança que acha segurança no colo da mãe, devemos humildemente confiar em Deus.

-por Dennis Allan