Ruídos que Atrapalham a Comunicação

Deus sabe falar. Ele deu para os seres humanos que ele criou a capacidade de compreender o que ele diz. Em vários artigos anteriores, temos considerado aspectos práticos da comunicação verbal que servem para entender as Escrituras. Não precisamos de cursos complicados de teologia para entender a Bíblia. Precisamos usar os mesmos recursos que utilizamos para entender o que as pessoas ao nosso redor dizem no dia a dia.

Qualquer estudo dos processos da comunicação trata da realidade de ruídos que atrapalham a transmissão das mensagens. Enquanto há várias maneiras de classificar os ruídos, um dos modelos mais comuns em textos sobre a comunicação verbal identifica quatro tipos: Físico (barulhos no ambiente), Fisiológico (dificuldade em falar por parte de quem comunica, ou dores ou outras condições do ouvinte que atrapalham a audição e compreensão), Psicológico (falta de atenção, distração mental do ouvinte), Semântico (uso de termos desconhecidos ou mal-entendidos). Algumas dessas barreiras vêm de fatores externos, e outras são problemas internos.

Em termos práticos, é difícil conversar com alguém perto de uma máquina barulhenta, como também pode ser impossível concentrar na mensagem comunicada quando sofremos com uma forte dor de cabeça. E quando não temos interesse no assunto, qualquer distração pode tirar a nossa atenção, pois nos desligamos da conversa.

Encontramos, na Bíblia, ilustrações dos mesmos tipos de barreiras, ruídos que vêm de fora, e outros que vêm do próprio ouvinte.

Às vezes, o impedimento vem da interferência proposital de pessoas que não buscam a verdade. Quando a multidão agarrou Paulo em Jerusalém e levantou falsas acusações contra este apóstolo, o barulho do tumulto impediu a comunicação com o comandante da cidade: “Na multidão, uns gritavam de um modo; outros, de outro; não podendo ele, porém, saber a verdade por causa do tumulto, ordenou que Paulo fosse recolhido à fortaleza” (Atos 21:34).

Pessoas que distorcem a mensagem enquanto supostamente falam por Deus dificultam o entendimento dos ouvintes. Jesus identificou o perigo de pessoas que se apresentam como autoridades sobre a palavra de Deus, mas não vivem conforme essa mensagem (Mateus 23:1-4). Seu serviço se torna vão quando ensinam doutrinas dos homens (Mateus 15:9). Lamentavelmente, esses líderes perigosos conduzem seguidores à perdição: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mateus 15:13-14). Paulo combateu pessoas que perturbavam os cristãos na igreja primitiva, poluindo a mensagem do evangelho com o acréscimo de exigências do Antigo Testamento (Gálatas 1:6-7). Ele avisou sobre o perigo de impostores (2 Timóteo 3:13) e de líderes religiosos que agem como lobos e destroem o rebanho (Atos 20:29-30).

Esses ruídos vêm de fora, e ameaçam os servos do Senhor. Talvez o ruído mais comum, porém, seja uma ameaça que se encontra no coração do ouvinte. O ensinamento de Jesus está cheio de avisos sobre as atitudes que impedem a aceitação da verdade. A famosa parábola do semeador é, de fato, uma parábola sobre os solos em que Jesus revelou os corações dos ouvintes. O ruído interno chega ao seu auge no solo espinhoso: “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mateus 13:22). As coisas do dia a dia e a busca da prosperidade terrestre criam tanto barulho na vida que a pessoa não ouve o apelo do evangelho e não valoriza sua mensagem eterna.

Para sermos bem-sucedidos no estudo das Escrituras, precisamos identificar e corrigir os ruídos, as barreiras que impedem a mensagem chegar de Deus até nós. Em alguns casos, significa a rejeição de falsas doutrinas e interpretações distorcidas que vem dos outros. Em outros casos, será necessário resistir às tendências desta vida para deixar a palavra do Senhor penetrar os nossos corações.

-por Dennis Allan